quarta-feira, 5 de novembro de 2014

TOTALMENTE NADA - ὀξύμωρον ou a Lápide Deus







I - TOTALMENTE NADA

Na realidade, com efeito, sem ser etimológico, sem buscar as raízes possíveis e impossíveis da abstração, numa ligação, num nexo com a imaginação crítica que estabelece uma dialéctica negativa, vazia como contraponto ao que a sociedade propõe como verdadeiro, como realidade. Tudo que o status quo postula como conceito, fórmula, equação e linguagem do idêntico expulsa provocando um anátema da critica da razão kantista, do eu cartesiano, da transmutação dos feixes de objetos que entram pelos sentidos. Considerando Heidegger, o ser-ai-no-mundo/Daisen, resolvi beber vinho tokay, vinho húngaro que os beats apreciavam nos anos cinquenta, daqueles que estouram o figado e permite a escrita do negativo, onde o ser é neutro, substrato invisível. Ao contrario de Descartes, estou num quarto sem calefação, num frio "infernal" (oximoro), Um anti-cartesianismo, situado no extremo sul do brasil, punido pelo vento implacável oriundo da Antártida que penetra na sensibilidade humana. A nave continua, apesar dos percalços quase intransponíveis, em busca de uma Utopia-subjetiva, onde um paraíso terreal seja possível virtualmente. Contudo, vivemos outros tempos, tempos idiotas, tempos de fariseus. Genefluxar  é preciso, loando a nova religião ditada pelo deus-mercado, pois este fenômeno se origina do ser impregnado pelo ter, mas também portador do ser. As revoluções são círculos viciosos que nos prendem à tradicionalidade   da técnica de enganar a vocação do ser, de copiar o copiável, logo depois do ápice revolucionário, como uma mutação que num determinado instante retornará a sua fase de antes, mas com resíduos mutacionais. O homem constrói seu presente destruindo seu futuro, pois além das fezes, da saliva e da urina, o ser bípede implume condena o porvir com suas atividades econômicas, por mais paradoxo que pareça,  a conservação da humanidade no presente depende do aniquilamento do futuro. As amarras da liberdade, da escravidão, da tecnologia, do deve-ser, do mercado  são conceitos dominantes de uma cúpula da humanidade, usada para não despertar o verdadeiro ser. Na metafísica "burguesa", o estado é o instrumento, a ferramenta que permite a repressão do Daisen autentico, da originalidade do ser. O eu-ter é forma mais apurada em que o ser é abafado, tolhido, alienado.


II - Oximoro - A lápide de Deus

Data vênia, meus caros burgueses-virtuais-concretos, vou exprimir minha confusão cerebral com uma interjeição: - Catatraz...
Meus neurônios se chocam com resíduos alcoólicos do vinho licoroso, que implodiu o figado de Kerouac. Faço uma viagem ao cérebro-cerebral, mas não se apavorem com a adversidade linguística, pois pode ser o tirocínio que desvela o ser com seus infinitos véus. Sentir o vinho amainar, amenizar, lenitivizar a revolta-passiva, que chega junto com o frio polar que assombra e se assoma aos portais do pampa, estimulando a abstração em busca do ser, que só quem tem as características herdadas do charrua, do minuano pode compreender este exercício textual, vomitado das entranhas do substrato que suporta o fenômeno...